Foto: Marcos Côrrea
Em menos de 15 dias após os protestos que ocorreram devido ao corte de verbas da educação, anunciado pelo Governo Federal no início do mês, as ruas estarão novamente tomadas por, só que desta vez, a favor do presidente Jair Bolsonaro.
A movimentação ganhou força na última semana após o presidente compartilhar em grupos de WhatsApp um texto onde falava que o Brasil era um país “ingovernável fora dos conchavos”.
Rapidamente o texto foi amplamente divulgado e o presidente foi criticado inclusive por aliados de seu partido, o PSL, que viram na atitude uma exposição das fraquezas do Governo e possíveis complicações na relação com o Congresso nesses mais de 100 dias no poder.
Manifestações pro-Bolsonaro estão programadas para este domingo 26 – Evaristo Sa | AFP
As pautas das manifestações, segundo informativos divulgados nas redes sociais, estão centradas principalmente na Reforma da Previdência, no Pacote Anticrime do ministro da Justiça e Segurança Pública e também de forma geral em medidas pro-Bolsonaro. Mas não deixaram de carregar outras bandeiras como críticas às articulações com o Congresso e repúdio ao Centrão, que vem sendo considerado o principal inimigo do Governo na Câmara.
Em meio à polêmica surgiram divergências entre importantes figuras do Governo, como o caso do confronto entre as deputadas do PSL Joice Hasselmann e Carla Zambelli, que tiveram uma discussão pública no Twitter. Enquanto Carla defende a importância das manifestações de domingo (26), Joice vê que o movimento pode causar a perda de apoio do Governo.
A deputada estadual Janaina Paschoal, também do PSL, também divulgou em seu Twitter diversas mensagens defendendo sua posição de não participar e nem incentivar as manifestações, alegando que o presidente Jair Bolsonaro foi “eleito para GOVERNAR nas regras democráticas, nos termos da Constituição Federal” e que ele estaria, de forma proposital “confundindo discussões democráticas com toma-lá-dá-cá”.
Mas quem o está colocando em risco é ele, os filhos dele e alguns assessores que o cercam. Acordem! Dia 26, se as ruas estiverem vazias, Bolsonaro perceberá que terá que parar de fazer drama para TRABALHAR!
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) 19 de maio de 2019
Por criar essa situação delicada entre a base do Governo e seus aliados, até mesmo movimentos de direita resolveram não apoiar as manifestações. O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua avisaram que não irão participar do ato e recomendaram o mesmo entendimento para seus membros.
Enquanto alguns temem que as manifestações não tenham uma adesão forte à favor do Governo e demonstre falta de apoio para assuntos delicados como a Reforma, outros políticos pensam que esses movimentos em resposta ao desabafo do presidente podem complicar ainda mais a relação já delicada que o Planalto vem traçando com o Congresso Nacional.